O aprendizado é uma característica que define o ser humano, especialmente na infância, quando habilidades essenciais são desenvolvidas. No entanto, o aumento de casos de dificuldades e transtornos de aprendizado nas últimas décadas tem levantado preocupações entre pais, educadores e especialistas. Durante o programa Viva Saúde da Unimed Tubarão, o pediatra Dr. Odivan Varela compartilhou seus conhecimentos sobre o tema, trazendo informações fundamentais para entender e lidar com essas questões.
Dificuldade ou transtorno? Entenda a diferença
De acordo com o Dr. Odivan, é essencial distinguir entre dificuldade e transtorno de aprendizado, pois cada caso exige abordagens específicas. A dificuldade está frequentemente associada ao entorno da criança: uma rotina desestruturada, falta de estímulos adequados, alimentação inadequada ou até mesmo excessivo uso de telas podem ser fatores determinantes. Por outro lado, os transtornos possuem raízes orgânicas, geralmente originadas por fatores no momento do nascimento, que podem impactar áreas específicas do cérebro responsáveis por funções cognitivas, motoras ou da fala.
Os transtornos mais evidentes atualmente incluem o Transtorno do Espectro Autista (TEA), Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), além dos transtornos específicos de aprendizado, como dificuldades em leitura, escrita ou aritmética. Dr. Odivan explica que, embora esses transtornos sejam condições permanentes, é possível melhorar significativamente a qualidade de vida e o desempenho das crianças por meio de abordagens terapêuticas, que podem ser medicamentosas ou não, sempre realizadas por equipes multidisciplinares.
Diagnóstico cauteloso e abordagem multidisciplinar
O especialista ressalta que o diagnóstico de um transtorno deve ser realizado com muito cuidado e com a colaboração de profissionais de diferentes áreas, como médicos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais. “Estamos lidando com um cérebro em desenvolvimento, e um diagnóstico equivocado pode causar grande impacto na vida da criança e da família. Antes de rotular a condição, é fundamental entender qual é a dificuldade e identificar os marcos do desenvolvimento que não estão sendo atingidos”, afirma Dr. Odivan.
Janela de oportunidade e neuroplasticidade
O cérebro das crianças tem uma capacidade extraordinária de adaptação e aprendizado, chamada neuroplasticidade. Isso significa que ele pode moldar suas conexões para adquirir novas habilidades e superar desafios, desde que receba estímulos apropriados. Entretanto, existe um conceito conhecido como “janelas de oportunidade”, que são períodos específicos durante os quais o cérebro está especialmente preparado para aprender certas coisas. Se esses momentos forem bem aproveitados, o desenvolvimento é potencializado; caso contrário, pode haver dificuldades ou atrasos.
Dr. Odivan destaca que o estímulo inadequado ou em excesso também pode causar problemas. “Não é incomum que pais sobrecarreguem as crianças com diversas atividades ao longo do dia, acreditando que isso beneficia o aprendizado. Na realidade, essa rotina extenuante pode gerar ansiedade e comprometer a motivação e atenção, elementos fundamentais para o aprendizado.”
O papel essencial dos marcos do desenvolvimento
Acompanhar os marcos do desenvolvimento é crucial para monitorar o progresso cognitivo, motor e social das crianças. Habilidades como falar, andar ou interagir socialmente devem ser atingidas dentro de um intervalo de tempo esperado, e atrasos podem sinalizar a necessidade de uma avaliação mais detalhada.
“Esses marcos não devem ser usados para rotular crianças, mas como referência para entender como o ambiente e os estímulos estão contribuindo ou dificultando o desenvolvimento. A criança depende do meio para ajudá-la a atingir seu potencial pleno,” enfatiza o Dr. Odivan.
O aprendizado é uma jornada única para cada criança, marcada por oportunidades e desafios. Com os avanços da neurociência e da neuropsicopedagogia, métodos eficazes foram desenvolvidos para oferecer suporte a essas trajetórias, permitindo que habilidades sejam exploradas e barreiras superadas. O papel dos pais nesse processo é fundamental, garantindo estímulos apropriados que respeitem o ritmo e as necessidades individuais de cada criança. Motivação, atenção e um ambiente equilibrado continuam sendo pilares essenciais para promover um desenvolvimento pleno e saudável.
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